Inovação aberta nas empresas! O que startups têm a ver com isso?

Em abril lançamos nosso novo site e cada unidade de negócio ganhou sua marca. Entre elas, a  OpenCorp.Farm, que é destinada a empresas em busca de programas de inovação, vivência de mindset empreendedor, geração de negócios e relacionamento com startups, além de conhecimento sobre as principais tendências do ecossistema de empreendedorismo e de tecnologia.

Uma das formas de inovar que faz parte das soluções que entregamos para empresas é a Inovação Aberta ou Open Innovation. O que isso significa? A inovação aberta é um conceito amplo que compreende a evolução dos negócios de grandes empresas em diversas vertentes, como: produtos, processos e tecnologias, a partir da contribuição de diversos stakeholders de sua cadeia de valor. São eles: concorrentes, colaboradores fornecedores, universidades, institutos de pesquisa, startups, etc.

Em nossos programas de inovação aberta, as startups que aceleramos são importantes parceiras para disseminar o mindset empreendedor e gerar novos negócios com as empresas. Neste post, fizemos uma entrevista com o Paulo Castello, founder da Fhinck, startup acelerada pela Farm em 2015 que oferece um software baseado em Inteligência Artificial que ao ser instalado em computadores analisa em tempo real milhares de rotinas de equipes corporativas para traduzir dados de tempos e movimentos em informação, permitindo aos gestores visualizar com precisão onde eliminar desperdícios, aumentar eficiência operacional e melhorar os processos das suas equipes.

Na entrevista, Paulo conta sobre a sua experiência em levar inovação para grandes empresas através da Fhinck, que é a vencedora do Ranking 100 Open Startups, na categoria produtividade. O objetivo desse ranking é identificar as 100 startups brasileiras mais atraentes e preparadas para receber investimentos na visão do mercado. Além disso, a Fhinck participou do Google For Entrepreneurs Exchange 2017, programa de intercâmbio que aconteceu em Waterloo no Canadá.  

Confira a entrevista na íntegra:

Paulo Castello, CEO & founder da Fhinck.

Em que momento considerou sua startup pronta para atender as demandas de uma grande empresa?
Dizer que estamos prontos seria um exagero, uma startup nunca está pronta, está sempre falhando e aprendendo rápido. Porque a entrega da nossa solução, que atende grandes empresas, passa por áreas com processos internos extremamente complexos, que envolvem departamentalização de decisões, volumetria, segurança da informação, jurídico, compras, etc. Em grandes empresas, o processo de decisão de compra é desenhado de diversas maneiras e em alguns casos, envolve até mesmo departamentos que atuam outros países.  

Por isso, nosso processo de trabalho para atender o público corporativo é aperfeiçoado continuamente e orientado pela aprendizagem contínua. Dessa forma, trabalhamos para aprimorar nosso produto em parceria com vários clientes, ouvindo os pontos de atenção que eles indicam. Após recolher esses feedbacks, fazemos uma avaliação se eles são demandas gerais do mercado e podem contribuir para nossa estratégia de produto. Caso positivo, incorporamos os apontamentos como melhorias imediatamente ou às vezes negociamos um prazo maior para desenvolvê-los numa nova versão do nosso software.

Poderia falar um pouco sobre os processos, estrutura organizacional e financeira da sua startup naquele momento?
Começamos a trabalhar com grandes empresas desde o início da Fhinck em 2014, pois nosso produto é focado neste perfil de clientes e naquele momento não tínhamos estrutura organizacional, financeira e de processos.
Atualmente, também não consideramos prioridade criar processos rígidos, porque ainda somos uma startup e por isso, preferimos manter uma estrutura enxuta e sem burocracia, com time reduzido, formado por profissionais excelentes e rápidos, que atuam nas áreas de Customer Success, Analytics, Inteligência Artificial, Vendas e Marketing

Como começou a relação da sua startup com grandes empresas? Poderia contar algum case?
A relação da Fhinck com grandes empresas começou a partir da trajetória dos seus fundadores que vieram deste mundo e perceberam sua dor por melhora de produtividade.
As grandes empresas hoje estão super pressionadas por produtividade e velocidade e para isso buscam a Fhinck, pois querem entender como está a qualidade do tempo trabalhado no dia a dia entre seus departamentos, assim como obter insights para identificar oportunidades de Robotic Process Automation (RPA), que em português significa robotização de processos.

Existem startups que têm receio de negociar com grandes empresas porque muitas vezes o ciclo de vendas é mais longo e o poder de barganha do lead corporativo é mais alto. Neste caso, que medidas você aconselharia startups a adotarem para reduzir  o ciclo de vendas e conseguir boas negociações com grandes empresas?
Grandes empresas trabalham com processos de contratação de fornecedores que representam naturalmente barreiras de entradas para startups, como: provas de conceito gratuitas, contratos com reconhecimento de firma e cartório, 3 anos de balanço financeiro, business continuity plan, certificações ISO, etc. Todas essas exigências foram criadas numa época que não existia SaaS (Software as a service), que em português, significa software como serviço, ou seja, que funciona na nuvem sem a necessidade de instalação de programas em máquinas e servidores locais. Neste cenário, as empresas acostumaram-se a comprar softwares como um grande investimento e retorno em longo prazo (mais de um ano), e por isso, precisavam de cuidados especiais para que a escolha do fornecedor fosse a mais acertada possível. Dessa forma, os processos desenhados para compra de softwares nas grandes corporações foram direcionados para a eliminação de riscos de contratação. Porém, esses processos são equivocados no contexto de aquisição de um SaaS, que é um serviço sem custo de instalação, e assim, as empresas têm a opção de utilizá-lo durante um mês e efetuar o cancelamento no período seguinte.
Para evitar essas barreiras de entrada que mencionei acima, fomos buscar empresas  Startup Friendly, ou seja, que já estão cientes da necessidade da velocidade de inovação e onde os C-levels já estão com missão de iniciar relacionamentos com startups. Nesses casos, mesmo que essas empresas tenham processos e cultura ainda não compatíveis com a velocidade de startups ou com a aquisição de SaaS, possuem um C-Level que patrocina e assume riscos para contratá-las, criando naturalmente pipelines mais rápidos.
Para encontrar esses players, aconselho que os empreendedores entrem no site de aceleradoras e de rankings de inovação, como a Startup Farm e o 100 Open Startups, e busquem suas empresas parceiras, que já possuem um mindset excelente para trabalhar com startups.

Quais são os benefícios que startups podem levar para grandes empresas em termos de mindset empreendedor e processos?
O benefício é claramente a velocidade de entrega das startups com produtos SaaS, que são Plug & Play (“ligar e usar”), ou seja, de fácil setup e instalação, desenhados especificamente para atacar um determinado problema, sem a proposta de resolver todas as demandas num software só, como acontecia no passado. Tudo isso, permite que em períodos curtos, o cliente possa começar a usar, ter resultados e gerar aprendizados para sua empresa sem grande esforço interno.

Na sua opinião, quais são as tendências no relacionamento entre startups e grandes empresas?
As grandes empresas estão aproximando-se de startups com várias intenções que vão desde aquisição de serviços, identificação de potenciais concorrentes (em estágio inicial), até aporte de investimentos. Além disso, também buscam a transformação digital para mudar o mindset dos seus executivos e gestores o mais rápido possível, caso contrário todas as empresas que não se moverem com velocidade o suficiente estão fadadas a perder mercado e relevância muito rápido.


Como você pôde perceber na entrevista, o relacionamento das grandes empresas com startups pode ser um ótimo negócio, mas ainda existem desafios a serem superados e para romper essas barreiras envolvemos nossas startups aceleradas em nossos projetos de inovação e também trazemos executivos para atuarem como empreendedores no nosso Programa de Aceleração Ahead.

E a sua empresa, como está se relacionando com startups? Deixe seu cadastro nesta página que podemos te ajudar!

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